Universo gráfico e pares de designers

O par de designers para pesquisa do meu grupo foi Saul Bass e April Greiman. O objetivo da pesquisa foi buscar identificar nas obras deles como as composições são construídas e, assim, criar um arcabouço de referências.  

Saul Bass 


Designer gráfico e cineasta norte americano, Saul fez uma variedade de trabalhos que vai da criação de identidades de corporações até a produção de créditos de filmes. A criação de cartazes para o cinema e a tipografia foram alguns dos campos mais explorados por ele. Uma das estratégias que eu identifiquei nas suas composições foi o uso de cores e de grids. 


   Saul Bass. Poster for the film Anatomy of a Murder directed by Otto  Preminger. 1959 | MoMA    saul4


Os 3 pôsteres acima, por exemplo, mostram como ele usava formas geométricas para criar blocos visuais. No primeiro, a forma de espiral mais orgânica transmite a sensação de movimento, como se as ilustrações estivessem caindo dentro dessa espiral. No segundo, as formas retangulares chamam a atenção do olhar para a ilustração, sobre um fundo laranja, e para o texto no fundo vermelho. Por fim, o último cartaz trás as formas quadradas como textura de fundo, enquanto a ilustração e o título ocupam o primeiro plano central.  


  


Esse 3 outros cartazes parecem estar em movimento, sensação promovida pelo uso de linhas e hachuras nos desenhos. No pôster de “Grand Prix”, o próprio título recebe a interferência de linhas que dão a ideia de que as letras estão sendo arrastadas. Eu reparei que a maioria dos seus trabalhos apresenta o uso da cor preta nas tipografias ou nas ilustrações, acho que essa é uma característica que dá unidade para os seus trabalhos, ou seja, mesmo que tenham diferentes estratégias de composição, todos têm o mesmo estilo.  




Apesar de não ser a área de maior destaque do seu vasto trabalho, Saul também criou logotipos para muitas marcas. Nesse quesito, eu percebi uma preferência dele por formas mais circulares e esféricas, além do uso de camadas e linhas, o que cria uma brincadeira entre espaços vazios e cheios, é como se os logos fazem vazados sobre o fundo.  


April Greiman 


Designer nova iorquina que é considerada uma das pioneiras no uso do computador para o designer gráfico. Ela via nessa ferramenta muitas possibilidades de criação o que se refletiu diretamente no seu trabalho muito experimental. É considerada uma das precursoras do New Wave, um estilo gráfico do fim da década de 70, que rompia com as hipóteses do estilo suíço, sendo considerado um passo em direção a algo mais pós-moderno. Consistia num desconstrutivismo dos grids, das tipografias e tudo aquilo que estava posto no design.  


Eu pude observar na obra de April o uso intenso de cores, da tipografia, de camadas com transparências, sobreposições e texturasAlém disso, eu observei uma brincadeira com a escala dos elementos na composição.  



Esse foi um pôster gigante que April produziu para a Revista Design Quartely. Nele é possível ver o trabalho de sobreposição de camadas e elementos numa ordem aleatória que não segue um grid rigidamente organizado. Na parte inferior da composição, um fundo colorido serve de base para colocação de imagens que sangram nas margens. Além disso, a composição traz blocos de textos que, ainda que estejam organizados em colunas, são dispostos de maneira aleatória. 


  


As obras acima apresentam o destaque para o uso das cores, de formas geométricas e da tipografia. Diferentemente de Saul Bass, que usava as formas geométricas para criar blocos, April Greiman usa as formas geométricas de uma maneira mais livre, aplicando-as como texturas e sobreposições.   



Essa sem dúvidas foi a minha composição preferida da pesquisa. Ela foi produzida por April para a Olímpiada de 1984 em Los Angeles. Ela não tem tantos elementos quanto as outras obras, mas o uso de camadas ajuda a produzir o efeito cinético da imagem. É como se as pernas estivessem saltando para fora da imagem, nesse sentido, a sombra e o recorte do céu atrás tornam esse movimento muito real. Eu achei tudo isso incrível, além de ser uma abordagem nada obvia sobre os jogos olímpicos que, no geral, sempre são representados pelos arcos ou pela tocha olímpica.  

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