Filmes: Marina Abramovic (2012) e Pina (2011)
O primeiro filme que eu assisti foi "Marina Abramovic: The Artist is Present" (2012), um documentário que acompanha os preparativos e o desenrolar da grande exposição da artista no MoMA de Nova York em 2010, além de fazer um resgate e uma retrospectiva do trabalho da artista até esse ponto. Eu já tinha vistos cenas da performance da Marina aonde ela fica em sentada olhando para o público numa palestra sobre performances na minha antiga escola, mas não conhecia de fato o trabalho dela e um pouco da sua história. No filme, ela diz que a maior característica do seu trabalho é o compartilhamento da experiência entre o público e o artista. Isso ficou bem claro por meio da interação que as obras promovem, interação que usa como meio o corpo. No momento que mostra a preparação que ela faz com os artistas que vão reinterpretar suas performances a dimensão corporal é bem explorada no sentido de ter que controlar o corpo plenamente e, então, também conseguir controlar a mente. Assim, a performance ganha vida e permite a conexão entre o artista e o público. Em algumas das performances eu percebi que o corpo era usado mais ativamente como um suporte e em outras mais como uma conexão. Particularmente, tenho certa aflição das performances que envolvem dor e são mais "perigosas" tipo as que usam facas de cortes e empurrões. Entretanto, acho que no geral as performances provocam uma espécie de catarse e isso é o que faz elas tão intrigantes. A maneira como o olhar da Marina faz as pessoas se sentirem é tão profunda e única daquele momento que é realmente uma sensação de completude, um estado de conexão.
"Pina" (2011) também foi um filme bem interessante. Eu não conhecia o trabalho da Pina, mas lembrei de ver algumas cenas do filme na abertura da primeira aula do semestre. Assim como nas performances de Marina, o corpo tem destaque nas danças da companhia, porém de uma maneira mais sensível e plástica. Ele é o meio de expressão e seus movimentos são a tradução dos sentimentos dos dançarinos naquele contexto. Durante o filme, algum dos entrevistados fala que a dança de Pina era uma nova linguagem de expressão que você precisa apreender a ler. Eu concordo, mas acho essa leitura bem desafiadora (acho que muitas vezes acabamos deixando a linguagem corporal em segundo plano diante das linguagens verbal e escrita). No geral, eu achei que todas as cenas dos espetáculos de dança tratavam de uma relação entre amor e ódio, tristeza e alegria, companheirismo e traição. A dualidade dessas situações eram representadas no corpo e na interpretação dos dançarinos pelos diferentes ritmos, a intensidade ou a leveza dos movimentos. Gostei muitas das apresentações que eram feitas em lugares inusitados como no trem, no meio da rua ou no clube, além da forma como os dançarinos interagiam com outros elementos, por exemplo, tecidos, água e cadeiras.
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